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quarta-feira, 27 de abril de 2011

Divergências na base do governo podem adiar votação do Código Florestal

Divergências na base do governo podem adiar votação do Código Florestal

JBatista
Presidente Marco Maia em reunião com os líderes partidários com a presença de Afonso Bandeira(ministro do Desenvolvimento Agrário), Vagner Gonçalves(min. Agricultura, Pecuária e Abastecimento), Izabella Teixeira(min. do Meio Ambiente), Luiz Sérgio(min. das Relações Institucionais) e Maria Emma Mejía(secretária Geral da UNASUL), para tratar sobre votação do novo Código Florestal
O governo defende, entre outros pontos, a reserva legal obrigatória a todos os imóveis rurais.
Divergências na própria base do governo podem adiar a votação do novo Código Florestal (Projeto de Lei 1876/99 e outros). Tanto o relator, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), quanto o líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), asseguram que há condições de chegar a um consenso até a terça-feira (3), quando o texto entrará na pauta do Plenário. O líder do PT, deputado Paulo Teixeira (SP), no entanto, pede pelo menos uma semana a mais para estudar as alterações do substitutivo.
O presidente da Câmara, Marco Maia, acredita que somente com a incorporação das sugestões do governo ao relatório haverá reais possibilidades de votação. “Se eu fosse o relator, acataria as modificações que são consensuais; qualquer outra proposta vai encontrar dificuldades para ser votada”, afirmou.

Maia manteve o compromisso de incluir o projeto na pauta, mas ressaltou que a decisão de votar ou não será dos líderes partidários: “Vamos manter na pauta de votações no próximo dia 3 ou 4. Essa é uma decisão já tomada que vamos manter. Daqui até lá, nós teremos a câmara de negociação, que ainda está discutindo o código; teremos as negociações que ainda vão ocorrer entre os partidos políticos; teremos as negociações com o relator e também o empenho do governo para fazer valer a sua posição dentro da Casa".
O relator Aldo Rebelo comprometeu-se a entregar a nova versão do relatório até a próxima segunda-feira (2), mas não adiantou que propostas serão acatadas no substitutivo. Paulo Teixeira reclamou não ser possível receber o texto em um dia e votar no outro. “Trata-se de uma questão muito complexa que exige pactuação”, sustentou.

Moratória do desmatamento
A pedido do governo federal e de alguns governos estaduais, Aldo informou que vai retirar do texto a chamada moratória do desmatamento. O item proibia os produtores rurais de desmatar novas áreas por cinco anos a partir da publicação da lei.

Mesmo sem acordo
Vaccarezza garante que o projeto será votado na próxima semana, nos dias 3 e 4, mesmo sem acordo. “Ele vai a votação porque tem consenso na maioria absoluta da Câmara”, assegurou. Mesma opinião tem o líder do DEM, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), “O texto do deputado Aldo Rebelo está se aproximando da perfeição de conseguir a maioria na Casa. Até a semana que vem, deveremos conseguir isso”, asseverou.
O PSDB também quer o início da votação na próxima semana. De acordo com o líder do partido, deputado Duarte Nogueira (SP), “é importante votar logo para ir ao Senado e seguir para sanção antes de junho”. Nesse mês, vai expirar o decreto presidencial que suspende as multas aplicadas a produtores rurais que utilizaram áreas que deveriam ser protegidas (decreto 7.029/09).
Propostas do governo
Na reunião de líderes da tarde desta terça-feira, o governo apresentou uma série de pontos que defende. Dentre eles, o Executivo quer a manutenção da reserva legalobrigatória para todos os imóveis rurais, e não apenas para aqueles com área superior a quatro módulos fiscais, como prevê o texto de Aldo Rebelo. Esse, aliás, representa um dos dois pontos em que ainda há divergências, conforme afirmaram os líderes.
O outro item que ainda não tem consenso é a medida das áreas de preservação permanente (APPs). O governo advoga a manutenção das extensões vigentes, enquanto Aldo propõe a redução de 30 metros para 15 metros nas margens de córregos e rios com até cinco metros de largura.
Veja outros pontos defendidos pelo governo.
- No caso de compensação de reserva legal, o governo admite que ela possa ser feita em qualquer parte do território nacional, desde que no mesmo bioma, como prevê o relatório. No entanto, condiciona a compensação a áreas prioritárias a serem definidas em regulamento por órgãos ambientais.

- O governo também concorda com a continuidade da utilização de APPs em margens de rios, como prevê o relatório, mas também condiciona essa possibilidade às atividades de interesse social, de utilidade pública e de baixo impacto.

- No caso de rios com até 10 metros de largura, o governo sugere que se admita a recuperação de apenas 15 metros das áreas consolidadas até julho de 2008, e não de 30 metros, como prevê a legislação vigente. O substitutivo em análise prevê a continuidade das atividades em todas as áreas consolidadas até que seja implantado o programa de regularização pelo governo federal.

- O governo aceita também o cômputo de APPs no cálculo da reserva legal. Para isso, entretanto, o imóvel deverá estar registrado no Cadastro Ambiental Rural (CAR), que deverá substituir a averbação das áreas de preservação em cartório.

Íntegra da proposta:

Reportagem - Maria Neves
Edição – Regina Céli Assumpção

A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara de Notícias'


sexta-feira, 22 de abril de 2011

Reunião com Temer não resolve divergências sobre Código Florestal

13/04/2011 21:02

Reunião com Temer não resolve divergências sobre Código Florestal

O presidente da república em exercício, Michel Temer, se reuniu nesta quarta-feira (13) com deputados de vários partidos para discutir pontos de consenso e viabilizar a votação da matéria na Câmara. A reunião, no entanto, terminou sem acordo.
A proposta que aguarda votação no Plenário da Câmara é o substitutivo do deputado Aldo Rebelo ao PL 1876/99, que foi aprovado no ano passado por uma comissão especial. Em março deste ano, o presidente da Câmara, Marco Maia, criou um grupo de trabalho para atuar como uma câmara de negociação, mas ainda não foi definido um texto consensual.
Representantes dos ruralistas voltaram a defender apenas ajustes no substitutivo de Aldo Rebelo e ressaltaram a urgência do Congresso aprovar mudanças na atual legislação ambiental. O deputado Moreira Mendes (PPS-RO), por exemplo, afirmou, logo após o encontro no Palácio do Planalto, que as divergências diminuíram e que serão necessárias apenas mudanças na redação do texto aprovado no ano passado.

Já o deputado Ivan Valente (Psol-SP), que é contrário ao substitutivo de Aldo Rebelo, disse que não há possibilidade de consenso. “São sete pontos essenciais em que temos divergências inconciliáveis. Pode existir acordo em 40 questões, mas se não chegamos a um acordo no essencial, 90% dos problemas não foram resolvidos”, argumenta.
Desmatamento
Em relação às normas para prevenir e punir desmatamento, Moreira Mendes diz que é necessário apenas tornar o texto mais claro para evitar interpretações divergentes no futuro. Ele afirma ainda que os produtores rurais querem o mesmo que os ambientalistas – produzir uma lei que evite novos desmatamentos.

Ivan Valente adverte, no entanto, que é impossível concordar com um projeto que “elimina a reserva legal em 90% das propriedades brasileiras”. Se aprovado como está hoje, o texto, segundo ele, provocará o desmatamento de 70 milhões de hectares. O deputado Sarney Fillho (PV-MA) também afirmou que o texto não pode deixar margem para interpretações que, no futuro, permitam mais desmatamento.
O substitutivo de Aldo Rebelo dispensa as propriedades de até quatro módulos fiscais da necessidade de manter reserva legal. Tanto a lei atual quanto a nova proposta preveem limites de reserva diferentes para cada região do País e tipo de bioma. Na Amazônia, em áreas de floresta, a reserva deve corresponder a 80% da propriedade. Nas outras regiões, esse percentual é de 20%. O módulo fiscal também é variável em função das regiões em que se localiza a propriedade. Na Amazônia, equivale a 100 hectares, enquanto no Sul e no Sudeste, fica, em média, em 20 hectares.
Anistia
Ivan Valente também discorda da proposta de redução do limite das matas ciliares de 30 para 7,5 metros nas margens de cursos d’água de até 5 metros de largura. “Nós não vamos aceitar isso em hipótese nenhuma. Isso é um atentado à biodiversidade”, afirma. O parlamentar também explica que os ambientalistas não concordam com a proposta de anistiar das multas quem desmatou além do permitido até 2008. “Isso é premiar a impunidade”.
Moreira Mendes assegura, no entanto, que “o texto não prevê anistia” para esses casos. Segundo ele, quem desmatou mais que o permitido vai ter as multas suspensas. “Apenas se regularizar a situação, essas multas serão convertidas em compensação ambiental”, diz.
O deputado Aldo Rebelo, que também participou do encontro, afirmou, no entanto, que já há consenso em torno das mudanças que precisam ser feitas em seu texto. “Creio que nos aproximamos, se não do acordo definitivo, de pelo menos 98% ou 99%”.
Veja infográfico sobre o substitutivo de Aldo Rebelo
Leia a íntegra do substitutivo

Íntegra da proposta:

Reportagem – Maria Neves
Edição – Paulo Cesar Santos

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Esclarecimentos sobre as plantações de eucalipto no Brasil

Sebastião Renato Valverde
Professor de Política e Gestão Florestal do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Viçosa. Viçosa, MG, valverde@ufv.br


No Brasil, sempre que se dá um boom na área plantada com eucalipto ou no seu mercado, coincidentemente reacendem acintosas críticas a ele e ao seu cultivo, a eucaliptocultura, vindas de pessoas e instituições quase sempre despreparadas para tal críticas.  É evidente e natural que muitas falhas e mazelas ocorreram na história da condução dos reflorestamentos no País, mas tudo reparável e dentro das conformidades da legislação da época. Entendemos a necessidade das críticas e do diálogo, fundamental para a construção de uma sociedade mais justa, mas nos opomos a certas miopias e ao modo truculento que se tentam impor a rejeição aos plantios florestais. Apesar de sabermos que outras culturas (soja, cana, etc) também sofrem deste flagelo, aparentemente nada é tão desproporcional e descabido quanto as jurássicas e anacrônicas críticas sobre a eucaliptocultura. Triste é saber que elas são arbitrária, infundada, sem discernimento e desprovida de quaisquer critérios técnico e científico. Reconhecemos que existem críticos sérios e instituições de peso discutindo e apontando falhas nesta questão, o que é extremamente salutar para o setor continuar progredindo, o problema é o lado escuso e pejorativo disso que, muitas vezes, pode retardar o crescimento da área plantada, prejudicando os produtores rurais, que depois de longos períodos tenebrosos, vêm obtendo rendas com a venda da madeira. Por isso caro leitor, sabendo sobre todos os esforços enveredados ao longo destes mais de 40 anos de pesquisa florestal no Brasil para alcançar a forma mais sustentável de atender a demanda de nossa sociedade por produtos florestais é que, inegavelmente, não podemos nos omitir e aceitar pacificamente certas calúnias e ultrajes a tal espécie. Desta forma, buscando refletir sobre o que tem de positivo nestas críticas, evitando deixar se levar pela arrogância em que, circunstancial e estrategicamente, determinados indivíduos tentam de forma virulenta e autoritária impor suas opiniões, e sabendo o quanto as plantações de eucalipto são importantes para o desenvolvimento é que ousamos comentar, sobre tal assunto, no sentido de contribuir para que melhor se esclareça a população, mas ciente de que é impossível esgotar toda a matéria, dada as controvérsias, complexidades e polêmicas que lhe são peculiares.  Apesar disso, não serão os atentados à lógica e os desrespeitos à ciência, por parte de certos astutos, que inibirão os renomados especialistas na condução das suas investigações florestais, nem tampouco pelas ameaças bombásticas que o aumento das áreas de plantio com eucalipto vai deixar de ocorrer. Pois, se não foi na época dos incentivos fiscais ao reflorestamento, onde havia total carência de informações e conhecimentos sobre a atividade de reflorestamento, não vai ser agora, na era da competitividade florestal brasileira, com toda bagagem cientifica conquistada, que as histerias preconceituosas vão intimidar os atores do complexo florestal.Assim, antes de comentar pontualmente cada elemento das críticas, principalmente aqueles relacionados às questões sociais e econômicas, cabe ressaltar sobre a espécie, sua importância, seu histórico e a evolução das plantações, do setor, do mercado, da política, dos produtos e das indústrias florestais, para melhor entender as razões e as justificativas de nossa postura como defensor dos interesses do setor florestal e do bom manejo das plantações de eucalipto no Brasil.O eucalipto é uma espécie arbórea pertencente à família das Mirtáceas e nativa, principalmente, da Austrália. São mais de 670 espécies conhecidas apropriadas para cada finalidade da madeira. No Brasil, seu cultivo em escala econômica deu-se a partir de 1904, com o trabalho do agrônomo silvicultor Edmundo Navarro de Andrade, para atender a demanda da Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Mais precisamente a partir de 1965, com a lei dos incentivos fiscais ao reflorestamento que durou até 1988, sua área de plantio no Brasil aumentou de 500 mil para 3 milhões de hectares.Estes incentivos, mesmo sob as limitações da época, contribuíram para uma maior participação do setor no PIB nacional, na geração de emprego, renda, impostos, divisas e infra-estrutura. Sob o aspecto ambiental, vale ressaltar a diminuição na pressão sobre as florestas nativas, proteção da fauna, flora, água, solos, etc.No que tange ao mercado florestal, este tem melhorado substancialmente devido ao crescimento da economia dos BRICs. Em função do rápido crescimento das plantações de eucalipto, que atingem produtividades cerca de 10 vezes superiores às dos países líderes deste mercado, o Brasil vem ganhando posições de destaque no mercado. Vários estudos têm comprovado estes ganhos de competitividade da indústria florestal (celulose, chapas e serrados), em detrimento dos países tradicionais. Os projetos de reflorestamento, independente da espécie plantada, caracterizam-se pelo elevado risco, técnico e econômico, a que estão sujeitos. Na maioria das vezes, estes riscos estão associados ao longo prazo, onde tudo se torna possível de ocorrer, como incêndios, pragas, doenças, sinistros, volatilidades de mercado e preços, afetando a viabilidade e a atratividade destes projetos.Outra característica negativa deste tipo de projeto é o preço ainda baixo do produto florestal (madeira), em razão da existência de uma condição de mercado onde a competição se faz de forma imperfeita, prejudicial no curto prazo aos produtores rurais e, no médio e longo prazo, às empresas e consumidores. No entanto, começa a se observar mudanças significativas neste mercado, onde o aumento na demanda por madeira, sem a correspondente oferta, tem provocado elevações nos preços. O diferencial deste tipo de projeto comparado com o agrícola, é que o aumento nos preços não reflete imediatamente no aumento da oferta, pelo fato de que do plantio à colheita leva-se, pelo menos, de seis a sete anos. Daí se acreditar que estes preços continuarão subindo por, no mínimo, mais seis anos.Com isso, este colapso na oferta, popular “apagão florestal”, está provocando mudanças profundas e positivas no mercado, valorizando a madeira e aumentando a atratividade, o que é benéfico para todos os agentes econômicos envolvidos, como produtor, empresa e consumidor. Como alteração estrutural, pode dizer que vem ocorrendo o repasse da atividade florestal aos produtores rurais, reduzindo assim a monocultura extensiva e seus impactos ao ambiente e a população rural. Geralmente, este repasse tem sido feito através de uma parceria entre empresas florestais e produtores rurais, denominada de fomento florestal.Além de tudo isso, é possível destacar ainda como aspectos positivos da eucaliptocultura o fato de que, por ser uma espécie exótica não há tanta restrição legal quanto ao seu corte. Pode ser plantada em diversos locais e escala e utilizada para produzir lenha, carvão, celulose, moirões, escoras, postes, dormentes, desdobros, móveis, construção, apicultura, óleos e taninos e quebra-ventos. Mesmo diante de tantos benefícios das plantações florestais para a nação, estranhamente não faltam espaços para críticas que comentaremos abaixo, que enquanto construtivas são bem vindas, porém do contrário, devem ser rechaçadas veementemente.As principais tiranias ao eucalipto e a eucaliptocultura alegam que ele é uma espécie exótica, piora o déficit hídrico do solo, reduz a fertilidade e o pH do mesmo, afugenta a fauna, as plantações formam grandes latifúndios e monocultura, apresenta pouca contribuição na geração e formação da renda e emprego, provocam o êxodo rural e reduzem o valor da propriedade rural.No que se refere às questões de natureza ambiental apontadas acima, vale ressaltar que por razões éticas, não hesitaremos aprofundar quaisquer comentários técnicos, mas apenas discuti-los do ponto de vista político e econômico. Também que não se faz, logicamente, qualquer comparação entre as plantações e as florestas nativas. No entanto, fazem-se algumas comparações com as culturas agrícolas e pastagens, apesar de não haver necessidade para isso, pois o Brasil é um país continental com grande ociosidade de terras, havendo espaço e recursos naturais para todas. Antecipando, afirmamos que os benefícios das plantações florestais superam em muito os daqueles plantios e pastagens. Além disso, gostaríamos de esclarecer ao amigo leitor, que na ciência natural os fenômenos são complexos e dinâmicos, não se trata de algo exato, daí dizer que os efeitos de uma ação sobre os meios bióticos e abióticos são de difíceis diagnósticos, mensuração e prognóstico. Então quando vemos leigos falando com propriedade de determinados efeitos da eucaliptocultura sobre o ambiente, nos indignamos, pois nem os maiores especialistas, respeitados internacionalmente, muitas vezes, hesitam afirmar a respeito.Tal como o eucalipto, praticamente, toda a nossa base alimentar é constituída de espécies exóticas, como o arroz, milho, feijão, trigo, soja, abacaxi, café, etc., além do mais, num mundo irmanamente globalizado, não faz sentido nenhum levante de xenofobia, mas sim de confraternização entre os povos e culturas.No tocante a parte hídrica, o eucalipto é taxado como uma espécie consumidora de grande quantidade de água. A titulo de curiosidade, o leitor deve pesquisar e comparar o consumo de água para cada unidade produzida de carne, cana-de-açúcar, batata, milho, soja, etc, e verá quem realmente é a verdadeira bomba hidráulica vegetal. De qualquer forma, seria leviano de nossa parte afirmar com toda propriedade que o eucalipto reduz ou não a quantidade de água no solo, alterando a vazão dos cursos d´água, pois isto é inerente a qualquer cultura e o que está em jogo é o manejo adequado da microbacia. O certo é que o eucalipto, por ser uma espécie de rápido crescimento, apresenta um gasto energético alto e daí a necessidade de se hidratar, mas podemos garantir que dificilmente uma outra espécie seria tão eficiente no uso deste recurso quanto ele. Por isso que em regiões de maior precipitação, o consumo e o crescimento florestal tendem a ser maior.Mais importante é dizer que em regiões áridas, onde a silvicultura tem sido viável, só se consegue agricultar, se implantar um conjunto ostensivo de irrigação, consumindo quantidades significativas de água. Assim, fica a pergunta, onde o amigo leitor viu uma plantação florestal sendo irrigada conforme se vê na agricultura? Quanto à redução da vazão, a principal atitude a tomar é simplesmente fazer cumprir a legislação florestal que proíbe qualquer tipo de plantação comercial num raio de 50 metros das nascentes e, nas áreas consideradas de recarga, sugere-se orientar os produtores a manejarem suas plantações sob técnicas conservacionistas do solo, de forma a não expô-lo num nível que prejudique o estoque de água no solo e no lençol freático. Em resumo, podemos afirmar que o balanço hídrico das plantações florestais é positivo em relação ao das agrícolas em razão do aumento da infiltração e da redução do deflúvio. Assim, por mais que as plantações florestais possam aumentar a evapotranspiração, isto é bem menor que a quantidade de água que ela estocou no solo. Em relação a redução da fertilidade e acidez do solo, só gostaríamos de colocar o seguinte, das plantações florestais apenas se explora a madeira, composto orgânico formado por moléculas de carbono, oxigênio e hidrogênio, retiradas do ar pelo processo da fotossíntese, tal que se a exploração ocorrer após a rotação ecológica e se as cascas do tronco forem deixadas no campo, dificilmente ocorreria um empobrecimento do solo, pelo contrário, vai é melhorar devido a  reciclagem dos nutrientes absorvidos das camadas mais profundas pelas raízes pivotantes e liberados com a exsudação e com a decomposição da matéria orgânica (folhas, cascas, etc) que cai sobre o solo. Isso explica parte do interesse dos sojicultores em adquirir terras que outrora foram reflorestadas. Vários estudos demonstram que, com o reflorestamento, a fauna tem retornado nas propriedades. Uma das razões é devido às empresas possuírem grandes extensões de florestas nativas e plantadas, além de programas de educação ambiental visando a proteção dos animais e, à medida que os reflorestamentos vão se deslocando para as áreas dos produtores rurais e estes vão se conscientizando, o resultado não vai ser diferente, ou seja o reaparecimento e aumento da fauna. Certamente isto não ocorreria em áreas agrícolas, em razão do intenso movimento de pessoas e máquinas, uso de defensivos químicos e, am alguns casos, queimadas.No tocante a monocultura extensiva, regime que independe da espécie e da atividade, esclarecemos que isto é conseqüência natural dado o contexto em que os reflorestamentos se iniciaram; prejudicial para todos, pois não há nada de estratégico as indústrias serem latifundiárias; e são evolutivas, no futuro os produtores, certamente, abastecerão boa parte do consumo. As razões disso são que, a madeira de reflorestamento apresenta baixo coeficiente preço sobre peso específico em razão de ser um produto pesado e de baixo valor comercial. Esta condição, muito peso para pouco preço, faz com que o valor de uma carga de caminhão seja relativamente baixo, quase o seu custo de transporte. Isto forçaria a localização dos reflorestamentos próximos da indústria consumidora para que se viabilize o projeto. Sendo que a instalação de um projeto industrial exige altos investimentos iniciais, o que requer um nível elevado de produção para que sejam diluídos seus custos por unidade produzida, levando a formação de grandes empreendimentos florestais, operando em economia de escala.Desta forma, tudo isso, baixa rentabilidade e atratividade de até pouco tempo atrás, coeficiente preço/peso específico, exigência de elevado investimento inicial, produção em escala e obrigação ao auto-suprimento, forçou as empresas florestais a adquirirem grandes quantidades de terras (latifúndios) e formarem, inexoravelmente, extensas áreas florestadas (monoculturas). Neste sentido, o latifúndio, a monocultura e os grandes maciços florestais localizados no entorno das empresas dificultaram a existência de outros produtores e consumidores de madeira próximos, eliminando as possibilidades de concorrência, de aumento nos preços da madeira, levando a constituição de monopólios naturais.Porém, com as mudanças no mercado conforme descritas, a tendência é que boa parte do abastecimento fique a cargo dos produtores, que de fato deveria ter sido desde o início. No entanto prezado leitor, quem realmente está bancando o reflorestamento para os produtores são as empresas florestais com seus programas de fomento, pois os públicos têm sido tímidos. Apesar de elas estarem desempenhando muito bem estes programas, o problema é que eles são onerosos, foge do core business delas e as obriga se aventurar numa engenharia financeira que não as competem, mas sim aos agentes financeiros que ainda estão sonolentos a este novo e fantástico eldorado florestal.Com relação a emprego, tem sido dito que os reflorestamentos geram desemprego, favorecendo o êxodo rural. Calúnia como esta chega a ser bizarra. A título de contrastar isto, prezado leitor, informamos-lhe que um dos entraves da expansão do reflorestamento em várias regiões se deve a falta de mão-de-obra, pois principalmente para as montanhosas, onde é praticamente impossível mecanizar a maior parte das operações, e sendo estas intensivas em trabalho, o que tem sido narrado por produtores é que, mesmo querendo reflorestar, não encontram gente para trabalhar. Talvez para as regiões de topografia mais plana, o processo de mecanização, pode acarretar num menor uso de mão-de-obra. Mas isto é uma conseqüência natural do nosso sistema econômico, que exige progresso tecnológico, no entanto há de se notar as vantagens disso para a competição e para o trabalhador, pois sendo mais competitiva a empresa, maior a chance de continuar empregado e melhores as condições de trabalho, pois se há 30 anos ele operava uma ferramenta manual (machado) nas operações florestais, hoje ele dirige uma máquina segura, confortável e ergonômica (harvester). Não ignoramos o fato de a mecanização provocar o desemprego, mas temos que entender que as empresas precisam evoluir, reduzir custos e conquistar mais e novos mercados, com isso crescer e contratar mais mão-de-obra, certamente boa parte daquelas que outrora fora dispensada, e que agora encontrará condições mais humanas de trabalho. Atualmente, culpar o reflorestamento pelo êxodo rural é repugnante, pois podem escrever, é ele quem está invertendo o êxodo causado pela nova agricultura, pois com a expansão e o surgimento de novos projetos florestais, o Brasil será, mesmo com algumas pessoas e instituições tentando prejudicar, o maior produtor florestal do mundo, o que vai demandar uma quantidade enorme de madeira, conseqüentemente mais áreas reflorestadas e mais emprego.  Existem muitas áreas ociosas, degradadas e mal aproveitadas no Brasil, onde se poderia investir em reflorestamentos. Para estes locais, o eucalipto é uma excelente opção econômica, ambiental e social. Naturalmente, ele valorizará as terras das propriedades rurais, principalmente as localizadas em regiões montanhosas.Por isso, sabemos que não é só privilégio das plantações florestais os impactos negativos advindos, mas sim de qualquer ação antrópica, então o que nos cabe é analisar e decidir sobre os custos e benefícios delas, para saber se determinada atividade pode ou não ser implantada e, se sim, quando, como, onde e quem fazer, porém nunca, insanamente, proibi-la e rotulá-la sem quaisquer fundamentos. Finalmente, meu paciente leitor, não queremos alardear que o eucalipto é a panacéia para todos os nossos problemas e nem fazer apologia a ele, mas garantimos que ele é o elixir que faltava para a sobrepujança do agronegócio para a região centro-sul brasileira e é a melhor opção para reduzir a pressão sobre as florestas nativas da região norte. No entanto, querer impedir o crescimento da eucaliptocultura no Brasil é uma traição às esperanças de uma aurora para uma grande parcela do nosso sofrido povo brasileiro, principalmente os que vivem no meio rural, desiludidos de quaisquer perspectivas de desenvolvimento. Ninguém segura o meu Brasil Florestal. OBRIGADO.

Justiça proíbe plantio de eucaliptos em Guaratinguetá

Para Defensoria Pública, plantações estariam causado impactos ambientais

Os produtores de eucalipto de Guaratinguetá estão impedidos de continuar o plantio das árvores no município. A justiça deu uma liminar atendendo um pedido da promotoria.
Credito: Reprodução / Rede Vanguarda
O que deveria ajudar o meio ambiente acabou se tornando um problema para quem mora próximo às plantações de eucalipto em Guaratinguetá
A Defensoria Pública do Estado alega que a falta de estudos sobre os impactos ambientais podem prejudicar a terra, as nascentes, os animais e as pessoas. Esse tipo de verde pode não ser tão ecológico. Os eucaliptos produzidos em grande escala já tomam conta de muitas paisagens rurais na região, mas existem poucas pesquisas sobre os efeitos negativos dessa árvore. Em Guaratinguetá, uma ação na justiça proibiu novos cultivos. "Está havendo o avanço sem controle algum pelos órgãos ambientais do estado e dos municípios do monocultivo para fins industriais do eucalipto na região. A liminar não questiona a atividade econômica e só está pedindo um pouco mais de observância e respeito às normas de proteção ambiental”, alertou o defensor público, Wagner Giron de La Torre.

Em outros municípios, como São Luiz do Paraitinga, a produção também está suspensa por decisão judicial. Nossa equipe foi a campo ver o que está gerando tanta polêmica em Guaratinguetá e a primeira denúncia é de que as árvores reduzem os níveis de água do solo.

Foi em uma propriedade, vizinha a super plantação de eucalipto, que encontramos um provável efeito colateral desse supercultivo. Antes da chegada dos eucaliptos, uma roda d'água funcionava normalmente com a vazão que vinha do córrego e que cobria quase toda uma canaleta. Atualmente, a força da água não consegue mais movimentar o equipamento.

Veneno

Fazendeiros também estão preocupados com os agrotóxicos usados no cultivo de eucaliptos e na eliminação de pragas. Um laudo de avaliação do solo aponta alta concentração de elementos perigosos. "São metais pesados que causam seríssimos problemas de saúde, neurológicos, cancerígenos e isso tudo foi contaminando nossa água e nosso lençol freático", explicou o engenheiro químico, Cláudio Velloso.

A Fíbria, antiga Votorantim, informou por meio de nota que vai cumprir a determinação da justiça, mas que está recorrendo da decisão. A empresa disse também que as atividades em Guaratinguetá não provocam danos ao meio ambiente, já que o cultivo está de acordo com as leis ambientais.